Há exatos 90 anos as mulheres conquistaram o direito de votar no Brasil. Foi em 24 de fevereiro de 1932 que elas puderam, pela primeira vez, ter o direito de escolher seus representantes. A conquista veio por meio de um decreto do presidente da época, Getúlio Vargas, que instituiu o Código Eleitoral e as mulheres puderam exercer sua cidadania. Em 1933, a população feminina pôde votar e ser eleita para a Assembleia Nacional Constituinte. Foi essa Constituinte que elaborou a Constituição de 1934, e consolidou o direito da mulher ao voto.
O voto feminino é um importante marco na luta das mulheres por igualdade de direitos com os homens. Hoje, elas são maioria do eleitorado brasileiro, representando 53% e somando 77 milhões e 800 mil mulheres registradas na Justiça Eleitoral.
"As conquistas das mulheres são sempre fruto de muitas lutas. Avançamos. Mas há ainda muito a ser feito. A disputa eleitoral, por exemplo, ainda é muito desigual. Precisamos ter melhores condições para elegermos mais mulheres para os cargos de representação parlamentar e para o executivo. As mulheres já comprovaram que têm competência e capacidade para administrar cidades, estados e o país. A sociedade só tem a ganhar a partir do momento em que nós ocupamos mais espaços na política. E também no judiciário, à frente de empresas, entidades, enfim em todos os lugares", frisa a prefeita Marília Campos.
Para a superintendente de Políticas Públicas para a Mulher, Neimara Coelho Lopes, as mulheres ainda têm muito o que conquistar. “Somos mais de 50% do eleitorado brasileiro e só ocupamos 15% do parlamento. A média mundial é de 30% da presença feminina, e no Brasil ocupamos a 140° posição no ranking, ficando atrás de países que negam direitos às mulheres”, disse. Neimara conta o porquê desse número baixo. “As práticas rotineiras de preconceito, de intimidação com uso da violência política sexista e da dificuldade de acesso aos recursos de campanha, são alguns dos fatores que limitam a participação de mais mulheres na política”.
A superintendente também diz que uma sociedade mais justa, humana e igualitária passa por essa avaliação do avanço dos direitos e a desnaturalização de práticas excludentes que permeiam “Ser Mulher” em um mundo pensado pelo masculino. “A conquista do voto feminino precisa reverberar em concepções e compromissos coletivos, de pactos sociais que ressignifiquem a participação política das mulheres e as políticas públicas, de forma mais ampla na construção de uma sociedade mais paritária e democrática”.
“Mesmo o voto no Brasil sendo obrigatório até os 70 anos, faço questão de continuar votando, principalmente para prefeito e vereador. Tenho que votar em quem se preocupa com os idosos. Eu voto desde novinha. Escuto sempre as pessoas reclamando dos políticos, mas é a gente que escolhe cada um”, afirma Maria da Glória Silva, 79.
Já Maria Marques Ramos, 95, vota desde os 42 anos e disse que é muito importante o voto da população para escolher seus representantes. “As mulheres ainda têm muito o que conquistar, mas foi um avanço esses 90 anos do voto feminino”, disse ela, que guarda os comprovantes dos votos desde 1986.